Sobre o fim

Eu começo esse post dizendo que “sim, eu sei”, ando sumida. Tenho escrito cada vez menos por aqui, e quando escrevo faço posts curtos, que mal lembram as teses de doutorado que gosto de postar. Não é difícil explicar: vida de mãe, fazendo tudo sozinha, trabalhando em milhares de coisas não é o tipo de rotina que nos deixa muito tempo para respirar. Eu não tenho escrito por sobrecarga mesmo. Às vezes pesa e a gente prioriza. E essa questão de sobrecarga e prioridades me levou a muitos questionamentos. Um deles sobre a importância da gente olhar para nossa rotina, para tudo que tem para fazer e ir tirando coisas. Só assim a gente respira. Como eu tenho respirado pouco, precisei fazer isso. O que me levou a uma decisão: encerrar o blog.

Eu escrevo nesse espaço há quase 8 anos. É um lugar modesto, que me leva para dentro de mim, ao expor meus medos, minhas dores, meus conflitos e também alegrias, ao mesmo tempo que me leva para fora, para vocês, para seus comentários doces e seus rostinhos imaginados. A maioria aqui é mãe como eu e sabe que tem horas que a gente simplesmente cansa tanto que até dói. É difícil explicar para quem não tem filhos, mas quando somos os únicos responsáveis por uma criança tem uma hora que isso pesa demais. E olha que eu tirei férias, recentemente. Teria milhões de coisas para dizer, mas notei que, embora eu continue tendo o que falar; emocionalmente e mentalmente, eu já não estou mais aqui.

Ficou difícil incluir o blog nas 100 milhões de tarefas do dia. Eu poderia sim continuar espremendo minha lista para colocar “atualizar o blog”, mas está triste demais me forçar a fazer algo que eu não consigo mais. É por isso que quero falar aqui da importância de encerrar ciclos. Embora exista uma carga negativa nessa atitude, a vida nos obriga a ir por caminhos que diremos “sim”, enquanto deixaremos outros caminhos vazios de nós: serão os nossos “nãos”, as nossas desistências.

Não é errado. Não é fraqueza. É escolha. E eu tenho tentado enxugar ao máximo minha rotina para que eu não chegue mais nos fins de ano da vida estressada, confusa e doente. Eu amo muito escrever aqui, escrever para mim é como uma bateria que eu preciso alimentar para eu me sentir viva. Escrever para mim, cada letra que eu digito ou desenho na folha de papel é um tudo de mim, é uma das minhas principais pulsões de vida. Eu amo escrever e vou continuar escrevendo, mas não agora, não aqui. Simplemente por que não consigo me dedicar mais a uma tarefa que estou exercendo, atualmente, de modo tão raso.

Não desistam de mim, pois eu não desisti de escrever, eu só estou encerrando o blog. Mas quem sabe daqui a pouco eu começo a fazer conteúdo em outra plataforma, invisto, enfim, em fazer posts no meu Instagram, não sei. Qualquer nova atividade, nesse sentido, eu prometo avisar vocês. Quem tiver aquele cadastrinho maroto de e-mail, certamente vai receber algo meu. Quem sabe um livro, um grande sonho que nunca consegui investir como deveria. Quem sabe uma crônica, uma newsletter, não sei. É tempo de incertezas, não de respostas. Às vezes acontece.

Um outro motivo que me fez desistir de escrever no blog foi o fato de que minha filha já está ficando grandinha, e vai ficando difícil escolher assuntos que sejam interessantes para vocês, sem invadir muito o espaço dela. Eu tenho, claro, uma lista de temas, mas vai ficando difícil dar exemplos, experiências minhas, sem expô-la. Então, essa questão também influenciou a decisão.

Eu espero, de verdade, que nesses quase 8 anos escrevendo para vocês, eu tenha conseguido arrancar algumas boas risadas, feito vocês refletirem sobre nossas crianças, ajudado de alguma forma. Se eu tiver conseguido isso com um de vocês que seja, meu dever já está cumprindo.

Então, esse é o meu último post. E eu preciso muito terminar com um clichê para fazer uma gracinha, pois esse post está muito triste.

Isso não é um adeus, é um até logo:)

Nos veremos em breve, ou melhor, vocês vão ler coisas minhas de novo, e não vai demorar:)

Um beijo e tchau, por enquanto!

Natal? Hora de falar de família!

Então é Natal, e o que você fez? Não quero, de modo algum, reativar memórias musicais, mas quis começar assim para falar dessa que é uma data tão especial para todos (ou quase todos). E para isso gostaria de começar uma conversa sobre a essência do Natal. Mas antes quero falar sobre o que NÃO é a essência do Natal (pretensiosa).

O Natal NÃO é sobre limpar cada cantinho da casa com cotonete para que ela passe o fim de ano limpa e cheirosa (nossa, que delícia, mas prossigamos), nem é sobre comprar presentes para a família, amigos, conhecidos, vizinhos e pets, e muito menos é sobre comer tanto, mas tanto, que nossos estômagos ficam dias ressentidos com essa quantidade de coisa que mandamos para ele (embora isso também seja legal e delicioso). Nada disso é tão importante quanto essa outra coisa que vou falar agora: estar com a família.

Celebrar o amor, a comunhão, a fé na humanidade, enquanto enfeita as portas com guirlandas e as janelas com pisca-piscas. Eis a essência! Natal é família, é estar junto, é reavivar o amor. Mas, seguindo meus preceitos e alma de engenheira (kkk), quero lembrar que essas coisas lindas são CONSTRUÍDAS. É no todo dia que a gente alimenta essa instituição imponente que é a família. E por família não estou falando das pessoas que moram na mesma casa ou dividem laços sanguíneos, mas sim aquela que acolhe e aceita a gente. Essa é a família a que me refiro.

No geral, a gente enche a boca para falar da importância da família, mas no dia a dia, nos períodos nos quais NÃO HÁ NATAL, muita gente não investe muito nas pessoas que diz amar. Não está perto, não diz o quanto aquela pessoa é importante, não oferece apoio, não valoriza. E daí chega o Natal e parece que acende a luzinha “hora da família” e aí é o momento no qual todos parecem se importar com os seus. Mas o nosso Natal interior (olha que bonito) tem que estar sempre com as luzinhas piscando, enfeitado e aceso para que a gente lembre que o Natal (a data) passa, mas tem um mundão de dias aí para praticar esse amor que diz sentir.

Além disso, vale lembrar que estar com a família, nessa época, só por obrigação, não é nada natalino. É o contrário do Natal, é o anti-Natal. Celebrar o amor e a união é algo a ser feito com quem a gente gosta. Laços consanguíneos e parentada pentelha (alguns, não todos) não são obrigatórios, só porque é Natal. Nada pior do que ter que ouvir piadinhas sobre pavê ou pacumê daquele tio que a gente detesta ou ter que ficar perto daquela parente que aparece nessa época apenas para julgar todas as nossas escolhas (não está namorando? Não vai ter filhos? Não vai ter MAIS filhos? Por que seu cabelo está assim? Etc. etc., etc). Então, não se obrigue a estar com quem não gosta apenas porque é NATAL. Pois você só deve querer perto pessoas que te fazem bem e família sanguínea nem sempre é sinônimo de amor (falei disso aqui, olha depois).

Acho válido levantar essas questões, embora eu me sinta meio grinch do Natal quando faço isso, justo nessa época. Até pensei em fazer um post sobre como tornar o Natal das crianças mais divertido, mas já falo tanto delas nos posts, acho que vale falar de nós, adultos, também, um pouco. Até por que criança se diverte fácil, os rituais de Natal são muito legais para elas, no geral (por exemplo a espera do Papai Noel, que eu também já falei aqui mostrando que a magia desse personagem é essencial na infância).

Então, quero, nesse post, apenas lembrar essas duas pequenas coisas:

Estar com a família é estar perto de quem você realmente ama, sem a obrigação de estar junto apenas porque é parente.

E a essência do Natal nada mais é do que celebrar o amor e a comunhão. Então a gente deve sempre lembrar que essas são atitudes de vida e devem ultrapassar datas comemorativas. Amar e estar presente não é algo que deva estar em calendários, são coisas que precisam fazer parte de nós, internamente e sempre.

Dito isso, comemorem muito com os seus, e se preparem para um 2023 que eu desejo que seja maravilhoso para todos nós.

Um beijo e até o próximo post (que vai ser só no ano que vem, já to avisando)!

Como se dá a formação da individualidade das crianças?

Eis que o post de hoje é bem assim.. preguiçoso. Peço perdão, mas é Copa, e eu preciso parar para assistir o jogo do Brasil. Porém, brincadeiras à parte (nem tão brincadeira assim), eu realmente acho válido, e é algo que faço pouco aqui no blog, deixar conteúdos que eu produzo em outros veículos. Geralmente são conteúdos maiores, com entrevistas, muita pesquisa e talento (rs) então sempre saem matérias bem legais. Na mais recente delas, eu conversei com psicanalistas, pediatras e famílias para esclarecer quando a criança adquire a noção de que é um “ser” separado.

Nos primeiros meses de vida o bebê não tem essa consciência de que é “alguém” no mundo, para ele não existe o indivíduo bebê, ele é uma extensão do cuidador principal, que, geralmente, é a mãe. Então, é um tema bem interessante mesmo.

Bom, sem mais enrolações, que já ouço as cornetas e vuvuzelas, e ainda nem fiz minha pipoquinha e meu café (combinação mais que perfeita para quem toma café em absolutamente qualquer circustância). Então, dá uma moral para essa humilde mãe e vai ler meu conteúdo lá no Lunetas…Aproveito para lembrar que o Portal é coisa linda demais, cheio de matérias relevantes e diferentes de tudo que você vai ver por aí. Bom, é isso. Confiram abaixo como se dá a formação da individualidade das crianças, da autoria da última criadora de conteúdo para blogs que existe (rsrs). Depois voltem aqui e comentem “linda, maravilhosa, perfeita, sem defeitos” para dar aquela turbinada na minha autoestima (por favor, nunca te pedi nada):

O amor pelo filho

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Você já parou para pensar no momento exato em que começou a amar seu filho (a)? Foi durante uma troca de fraldas? Amamentando? Ou mais tarde, durante uma conversa sobre a existência de unicórnios? Quando foi exatamente que você foi invadida por um amor tão potente que mal coube dentro de você?

Eu não sou capaz de saber exatamente a sua resposta, mas posso sugerir uma. O amor pelo seu filho não passou a existir em dado momento, ele FOI EXISTINDO, aos pouquinhos, no todo dia. É isso não é? Ou estou errada (difícil, mas pode acontecer…rs)?

O amor é um sentimento muito famoso, está na boca e nos corações de todos, mas é também um enigma. Como ele começa? Por que começa? A gente escolhe a quem amar? Ele morre ou é eterno? Tantas questões sem resposta, e, obviamente não sou eu que vou dá-las aqui nesse pequeno blog, habitado por minhas 2 leitoras (rsrsrs). O que quero nesse post é uma conversa mesmo sobre o tema. Especificamente sobre o tão propagado amor materno. Amor maior não há, não é mesmo? Mas será que isso é verdade?

Muita gente pensa que a maternidade nos faz parir uma criança e no exato dia do nascimento (para algumas um pouco antes) aparece um chip na nossa cabeça e coração que nos permite amar incondicionalmente nosso filhos para todo sempre amém. Acontece que, embora eu não possa assegurar que todas as experiências de amor sejam exatamente iguais a minha, pois estaria assaz reducionista e prepotente; teimo em dizer que grande parte das mães vai experimentar um amor pelo filho, que começa mais ou menos assim…

Meio perdido, meio sem saber o que é, meio que pedindo “Licença, licença, deixa eu entrar”, e, se a mãe permitir (fato importante), esse pequeno amor (vamos chamar de amor embrionário) vai realmente se desenvolvendo, crescendo, ficando forte, robusto e bonito, até se fundir com aquela criança, que a gente olha toda derretida, com um sorrisinhos de mãe (depois quero falar desse sorriso em outro post) e a certeza de que tem algo em nós que é maior que a gente.

E assim nasce o grande amor pelo filho. O amor que nos transforma em imponentes máquinas, multitarefas, gerenciadoras de crise (“manhê, meu boneco quebrou”), conselheiras, crianças brincantes, feras selvagens a urrar pela floresta e tantas outras coisas. Esse amor pelo filho, que fica gigante em dado momento, nos deixa mais fortes e mais frágeis ao mesmo tempo, senhoras de nós mesmas e extremamente vulneráveis. Esse amor é um sentimento repleto de paradoxos, mas que só vai crescendo, crescendo, crescendo, na medida em que nossos filhos vão crescendo também.

E esse amor não é sempre amor. Ele experimenta raiva, ele experimenta ciúme, inveja, egoísmo, e tantos outros sentimento difíceis, que grande parte de nós vai sufocar e fingir que não sente. Mas mãe não é sempre amor pelo filho. Como toda convivência, tem momentos nos quais tudo que a gente queria era um espaço, um momento sozinha, não ser mãe por uns dias apenas. Porém a gente, novamente, tende a ignorar ou detestar esse nosso lado materno, pois nos foi ensinado que mãe é ser divino, tudo que toca é doce, puro e positivo. Mãe foi feita para amar. Chip do amor, lembra?

Mas eu gosto muito da ideia de que o amor é também um sentimento difícil. Ele não nasce em todos os corações, ele não entra se a gente não deixa, ele nos confunde quando parece que sumiu, ele se transforma, ele dói. E quanto mais a gente ama, mais medo sente de acordar amanhã sem o objeto de nosso amor. Dá medo de perder, dá medo de que mude, e até de que acabe. Um dos maiores ensinamento que aprendi, desde que me tornei mãe, foi justamente entender que o amor é uma escolha. E eu escolhi amar minha filha, não somente cuidar dela ou ser a responsável legal. E eu escolho o amor por ela todos os dias da minha vida. E talvez seja por isso que hoje me sinto muito mais feliz e vejo muito mais sentido em toda minha existência.

Termino esse meu singelo post desejando que escolhamos sempre continuar amando.

No fim, quando nossa existência aqui se encerrrar, nossa escolha pelo amor vai continuar sempre reverberando. Em nossos filhos e em todos aqueles que nosso grande amor tocou.

Beijos amorosos e até o próximo post!!

Como evitar que as crianças se tornem consumistas?

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Fim de ano é sofrido para quem tem filho. Chega outubro e nossos corações disparam, pois lá na frente vamos enfrentar uma avalanche de datas importantes: Dia das Crianças, Natal, Férias, renovação de matrícula, compra de material escolar, isso quando não coincide do aniversário do filho ser exatamente nesse período (é o caso da minha Valentina, que faz aniversário em janeiro). Essa fase é complicada, pois envolve altos gastos financeiros, muitas compras necessárias – e superflúas também. É um período de muito consumo. Mas será que a gente precisa de tudo isso mesmo?

Evidentemente, como disse lá acima, alguns gastos são necessários: a criança vai precisar de mochila, caderno, e no Natal é claro que a gente vai querer fazer uma ceia bem caprichada, afinal a gente merece comer muito. O fato é que noto que no fim de ano entra em cena, junto com o espírito natalino e os parentes que só vemos 1 vez ao ano, uma vontade muito grande de GASTAR. E a nossa racionalidade ou irracionalidade com dinheiro pode ser um bom ou mau exemplo para nossas crianças. A pergunta que quero fazer é: será que estamos prestando a devida atenção com o fato de que podemos estar criando pequenos consumistas?

A provocação acima é para mim mesma, mas achei legal compartilhar com vocês um tema tão importante. Aproveitei a minha ausência para amadurecer uma ideia que vinha aqui comigo há algum tempo, mas que só ficou clara esses dias: meu desejo de dar uma vida de possibilidades para minha filha me levou para uma armadilha, percebi que meus presentes para ela fora da data eram fofos e tal, mas estavam estimulando nela um consumismo que ela, obviamente, não sabe lidar.

Não sei se ocorre com vocês, mas eu fui uma criança que tive uma infância cheia de privações. Não passei fome, estudei, tudo certinho, mas sempre era tudo muito NO LIMITE. O bife só aparecia às vezes e era um para cada um, as roupas eram “herdadas” do irmão mais velho ou de alguma amiga da família, que tinha mais grana que nós (bem mais). Não ganhávamos brinquedos com alta frequência, na verdade quase nunca, bolacha recheada era artigo de luxo (podia continuar sendo, pois essa massa em forma circular é tudo menos comida…rs), e o estudo era no colégio público do bairro mesmo (na época, já sucateado).

Com minha filha pude proporcionar uma melhor qualidade de vida: colégio particular, brinquedos nas datas comemorativas e também fora de ocasião, alimentação cheia de frutas, verduras, legumes e gulosemas (ninguém é de ferro). Ela não “herda” nada, toda roupinha é comprada na loja, ela mora em um lugar melhor do que onde morei, e teve acesso ao videogame e joguinhos de celular muito mais rápido do que eu. A psicologia explica essa nossa necessidade de compensar as faltas que tivemos na infância por meio dos nossos filhos.

No entanto, isso pode ser perigoso, como dar coisas demais e criar uma criança que em dois dias larga o brinquedo novo que ganhou por não dar o devido valor para as coisas que possui. Ou que compra algo hoje (os pais compram, criança não compra nada), e amanhã já quer outra. Que vai crescer e se endividar financeiramente, pois não aprendeu educação financeira em casa. Que vai poluir ainda mais o mundo com um monte de tralhas que não precisa.

Pois bem, eu percebi a tempo que estava no caminho errado, nesse aspecto. E tive uma conversa com minha filha sobre tudo isso, mas adaptando o discurso para ela, que ainda é uma criança. Tem dado certo e algumas coisas tem me ajudando nesse processo, e eu gostaria de dividir com vocês:

  • Estipulei com ela um limite de jogos por mês que vou comprar para ela (1, número maravilhoso). Então ela tem direito a um joguinho novo pago por mês. Dessa forma, ela tem aprendido a fazer escolhas mais inteligentes e pensar bem antes de pedir jogos novos (gostaria de dizer aqui que odeio os criadores do PK XD, que precificam TUDO no jogo, e que me deixaram muito mais pobre do que sou);
  • Sempre que posso mostro para ela que não é fácil ganhar dinheiro, que precisa trabalhar muito para ter uma renda apenas para sobreviver (afinal, capitalismo). Ela sabe do meu orçamento, vê eu anotar os gastos, sabe quando VIRA O CARTÃO (conceito que pobre entende bem), sabe que comida é cara, que para pagar o cartão de crédito que eu compro os joguinhos dela eu preciso trabalhar muito, pois o cartão não se paga sozinho;
  • Eu sempre tive o hábito de doar coisas que ela não usa mais. Hoje ela já me ajuda a separar o que não quer. Não nego que já aconteceram cenas de apego a algum artigo que ela deixava lá no fundo do armário, mas conversamos e ela entendeu. Hoje é mais fácil fazer esse processo (pelo menos duas vezes ano ano eu faço isso);
  • Já mostrei para ela no nosso dia a dia que coisas legais custam pouco ou nada. Que brincar no parque ou de pega pega é muito mais divertido do que apertar aquele boneco cheio de botões e luzes, que ela vai enjoar em 2 dias (como já aconteceu, então eu mostro na prática que é verdade mesmo);
  • Tento criar nela, aos pouquinhos, uma consciência ambiental. Não podemos encher o Planeta de mais lixo. Devemos evitar, ao máximo, ficar comprando, comprando, sem limites;
  • Essa é nova: brinquedo novo é SÓ em data comemorativa. Estou tentando não ficar levando-a em loja, prefiro fazer minhas compras sozinhas, inclusive ir ao mercado, pois isso minimiza os riscos de comprar um ursinho fofinho que vimos na loja (mãe boba, presente!);
  • Ela já entende o conceito de que publicidade é mentirada pura e que tudo que eles querem é que a gente compre tudo que eles vendem. Então, ela já tem senso crítico (de criança, gente, não forcemos a barra) quando vê um anúncio em algum jogo dela. Se for possível evitar essa exposição aos comerciais, melhor ainda. Eu indicaria, para as crianças que gostam de jogar, um videogame ao invés de jogos de celular; além de evitar dar celular para crianças cedo. Sei também que algumas plataformas têm opções infantis, como o Youtube tem o Youtube Kids. Quanto menos exposição melhor, mas alguma exposição acho que ok, desde que a criança consiga desenvolver esse senso crítico com o tempo.

Bom, as dicas são essas, e antes que vocês falem “nossa, mas ela está dando dicas de algo que está falhando?”, eu respondo que, na vida, a gente vai errar mesmo, pois somos humanos, e como mães a gente tem que ter compaixão de nós mesmas, pois é difícil demais esse nossos trabalho. O pulo do gato para mim é enxergar nos erros uma oportunidade de melhoria, de fazer diferente, de refletir. Erros também ensinam. E eu acho que essa é uma das minhas lições mais preciosas nessa minha vida de mãe.

Bjs e até o próximo post (que prometo que vai ser antes do Natal)!

Valorize a criança grande

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Conforme as crianças crescem, algumas coisas vão ficando mais fáceis: elas já sabem se vestir, comem sozinhas, começam a tomar pequenas decisões, como a roupa que querem usar, e etc. Porém outras coisas vão ficando desafiadoras: as perguntas vão ficando mais complexas, os dilemas também. E no correr do relógio, as crianças vão modificando ou adicionando cada vez mais desafios na vida dos pais. Uma das coisas que eu queria abordar hoje, nesse post é o quanto o crescimento acelerado deles pode nos fazer atropelar ou achar que estamos lidando ali com “mini adultos”, quando, na verdade, eles continuam sendo crianças. Peraí, vou ilustrar o que quero dizer com um exemplo.

Minha filha não gosta de ver fotos dela de bebê, nem de criança pequena. Ela também não gosta que fique falando o tempo todo de como ela era quando era menorzinha. E essa característica para mim foi surpreendente, eu nunca tinha visto isso antes: o ciúme de si mesma. Pois bem, ela tem. Daí, investigando melhor, tentando entender de onde vinha isso, um dia perguntei, com jeitinho, e ela disse que a gente ficava falando “ai, que fofa” para essas fotos dela de bebê e isso a deixava triste. Juntei A com B e descobri que o ciúme dela tinha a ver com o fato de que ela estava crescendo e nós, os adultos da sua vida, não estávamos mais naquela vibe “fofura pura” de quando ela era menor. Estávamos lidando com ela como uma “criança grande”, como ela gosta de se intitular. Pois bem, criança grande que seja, ainda assim é uma criança. E ela sente falta desse encantamento nosso dos primeiros anos.

Isso me fez pensar na importância da gente sempre prestar atenção se está valorizando o que a criança é, naquele momento, ao invés de ficar sempre suspirando um passado no qual ela não falava as palavras direito, andava engraçado ou falava coisas fofas. Claro que bebês são fofos. Claro que crianças pequenas são fofas, mas, na minha humilde opinião, a fofura de uma criança do alto dos seus 7, 8 anos é muito mais interessante. Porém a gente esquece de elogiar, de olhar, de entender que o nosso filho, que já está na escola, que já sabe multiplicar, ler e andar de patinete, continua sendo uma criança.

Além de valorizar o presente, temos que lembrar que mesmo grandões, mal cabendo em nosso colo mais, eles ainda são crianças e devem ser tratados com o respeito e cuidado que uma criança merece. Mesmo que eles já caibam no cinto de segurança do carro, eles continuam precisando da nossa atenção quando contam uma história que inventaram ou quando têm dúvidas sobre o que é “infinito”. Temos que lembrar que o passado é algo a revisitar, mas que o presente é nossa vida acontecendo. Então, valorize seu filho pelo que ele É hoje e tenha cuidado ao ficar elogiando o que ele FOI o tempo todo. Isso vale para tudo: ficar presos ao passado nos impede de curtir o presente como ele merece.

De minha parte, eu realmente prefiro minha filha agora, pois o bebê fofo que eu vejo no vídeo guardado na memória do computador era o mesmo que não me deixava dormir à noite e estava presente na minha vida em um momento no qual eu não sabia bem o que era ser mãe. Então eu prefiro agora, o presente. O meu presente, que é ela HOJE. As trocas que tenho com ela agora são infinitamente mais ricas do que anteriormente. E eu sempre tento lembrá-la do quanto ela continua fofa, tão fofa, fofa demais.

Bjs e até o próximo post!

Filhos não são SÓ das mães

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Antigamente, eu julgava ruim mudar de opinião. Eu queria, outrora (ó, erudita demais) ser um daqueles desenhos emoldurados, que estão sempre iguais. Sem novos rabiscos, sem borrachas apagando traços, talvez apenas com umas cores desbotadas. Porém, hoje eu acho o máximo que a gente mude, no decorrer da nossa vida e me sinto muito confortável em ser quem eu sou, alguém que é, em essência, a mesma de 20 anos atrás, mas que é totalmente outra. Não sei se me explico bem. Mas, se não explico, continuo. Já vou chegar no tema desse post.

Acontece que eu lembro de recomendar aqui nos primeiros anos de blog um livro chamado “A Maternidade e o Encontro com a Própria Sombra”, da Laura Gutman. Lembro de tecer elogios, de chamar a autora de Laurinha, forçando uma intimidade que nunca vou ter com a escritora argentina. Ela é terapeuta, especializada em maternidade, então, certamente, sabe muito do assunto. Mas eu mudei de opinião sobre ela e hoje vou explicar por que, atualmente, acho bem problemática muitas das coisas que ela fala no livro. O tema do post não é uma DESrecomendação (nem existe essa palavra) da obra da Laura, mas sim uma discussão sobre um tema central que me incomoda no que ela fala: a violência de achar que, no que diz respeito aos filhos, é tudo sobre as mães. O post de hoje é para desabafar sobre o quanto culpabilizamos as mães por absolutamente tudo envolvendo parentalidade.

Em várias passagens do livro, para começar essa conversa chamando a Laura para a briga (claro que não, esse post nunca nem vai chegar nela), lembro da primeira leitura que fiz de “A Maternidade e o Encontro com a Própria Sombra”. Eu era uma mãe bem recente e precisava entender o que estava acontecendo dentro de mim, pois a maternidade mudou tanta coisa que eu nem me reconhecia mais. Como mães não conseguem meditar, escrever ou fazer qualquer exercício reflexivo de autoconhecimento, nesses primeiros anos, eu lia, quando dava. Seja em mídias online ou livros físicos, o fato é que eu buscava na leitura o refúgio e as respostas que precisava. Daí veio a Laurinha e me disse assim (gente, resumindo e sendo BEM genérica, tá? Não tem nada ipis litteris aqui):

No início, o bebê está em fusão emocional com a mãe, então não existe o bebê e a mãe, existe o bebê/mãe. São meio que uma coisa só. E esse bebê vai refletir em si sombras da mãe, que ela precisa reconhecer para cuidar desse bebê.

Ou então: os bebês que dormem muito estão sozinhos, precisam de mais contato emocional e corporal.

Ou: quando o bebê rejeita o peito quer dizer que uma parte da mãe não quer ou não pode dar o peito ao bebê.

Ou: os homens constroem seu amor pelo filho através do seu amor pela mulher. O homem precisa desse intermédio, que é a mãe, para construir uma relação com os filhos pequenos.

Ou: crianças maiores de 2 anos que não dormem bem à noite podem fazer isso para recuperar o tempo perdido com a mãe, livrar a mãe de ter que responder ao parceiro sexualmente ou para proteger a mãe de sua solidão, angústia e violência.

Selecionei alguns trechos mais polêmicos, mas tem muita coisa lá. Não é que eu não goste de nada do que ela fala, existem muitas questões interessantes que ela aborda, mas vocês perceberam uma coisa aí acima? É tudo sobre a mãe.

É responsabilidade da mãe cuidar integralmente daquele recém-nascido, é responsabilidade dela ser a ponte para que o pai possa “amar” o filho. Se a criança chora, sofre, tem cólica, certamente há algo na mãe que precisa ser trabalhado, pois o bebê só está refletindo a “alma” da mãe.

Não é violento exigir que todos os cuidados físicos e emocionais fiquem a cargo de uma pessoa só? Sendo que a natureza precisa de pelo menos 2 elementos para produzir essa criança?

Essa é minha principal crítica ao livro (ninguém perguntou, mas digo mesmo assim): essa culpabilização em excesso da figura materna. Na obra, eu sinto que é sempre tudo sobre a mãe. E lembro que era exatamente assim que me sentia quando a minha filha me acordava à noite, pela milésima vez, ou quando ficava doente, ou quando chorava sem motivo: eu sentia que EU tinha errado em algo e que era responsabilidade MINHA resolver tudo relacionado à ela. Porém é violento comigo mesma exigir que eu seja o suporte absoluto e único da minha filha. No entanto, eu, assim como muitas mães, assumi esse papel, pois foi naturalizado que seja assim.

Já ouviu aquela frase que diz que filho é da mãe? Pois então, isso reflete bem sobre todas essas questões que levantei acima. Ninguém consegue ser o supra sumo do amor o tempo todo e cuidar integralmente, sem se perder nesse caminho. Muitas vezes a mulher acaba por perder a si mesma, e pode ser que, nesse processo de maternidade, ela nem se dê conta de quem é depois de alguns anos. Se essa não é uma forma sutil, mas bem eficiente, de violência contra nós, mulheres, eu não sei.

E quando falo aqui de responsabilizar apenas a mãe, eu estou falando, claro, da figura do pai, mas estou indo mais longe, estou dizendo que a criança precisa de mais que pai e mãe, precisa de uma vila, como diz aquele ditado conhecido africano. Os filhos são cidadãos também, e vão conviver com outros filhos, então as crianças são responsabilidade de todos. Não estou falando aqui, camarada, para você trocar a fralda do bebê do seu vizinho, não é isso: mas a gente tem que parar de naturalizar que o “cuidar”, o “educar” é uma tarefa SÓ das mães. Não deveria ser, já que a mãe não está criando um pequeno cristal que ficará na redoma para que somente ela conviva com ele. Não! Ela está criando um ser humano, que vai conviver com outros. E exigir que ela se sacrifique sozinha para lidar com isso é de uma violência tremenda.

Fora que, para as crianças, é saudável ter várias referências, e não apenas uma, para que ela forme repertório e firme sua personalidade. E, no caso das mães, imagine a solidão que é ser a ÚNICA numa tarefa tão hercúlea quanto criar filhos?

Então, hoje eu realmente não consigo mais ver tanto sentido nas coisas todas que a Laura fala no livro, mas já vi, e a obra dela até me ajudou, de alguma forma, especialmente ao explicar a fusão emocional, que a gente, como mãe, sente na pele, nos primeiros meses.

Mas o fato é que a gente muda, não é? Fico feliz que eu tenha mudando e quero continuar me transformando. Espero que a sociedade siga meu exemplo e faça o mesmo, né sociedade?

Bora mudar esse pensamento naturalizado de que filho é SÓ da mãe?

Bjs e até o próximo post!

Por que o choro dos nossos filhos incomoda tanto?

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Há milhões de anos eu falei sobre como crianças pequenas choram. Na ocasião, minha filha tinha dois anos, hoje tem 7. Pois bem, eu quero continuar essa prosa de choro, pois a minha Valentina já cresceu, é uma criança grande como ela faz questão de ressaltar, mas ela ainda chora, obviamente. Não no ritmo do ragatanga como quando era pequenininha, mas chora, esporadicamente, por alguma frustração, mau humor, culpa, enfim. Daí pensei em falar sobre isso. Não para trazer a grande verdade de que crianças grandes choram, pois isso é uma grande obviedade, que faria você, nesse momento, abandonar esse post. Não é sobre isso que quero falar. É sobre como nós, adultos, não sabemos lidar com o choro dos nossos filhos. E isso diz muito sobre a gente.

Não é legal ver um filho chorar. Parece que ativa uma dor emocional tão grande no cérebro da gente, que tudo que queremos é “desligar” esse choro. Pois o sofrimento deles é sempre nosso também, porém também acontece da gente não entender por que aquela “bobagem” doeu tanto neles a ponto de acionar o berreiro. O fato é que não existe bobagem no que diz respeito ao sentir. Se isso motivou um choro, foi algo importante. Acho que esse é o primeiro ponto que temos que entender.

O mundo da criança, as vivências dela, a maturidade emocional são todas diferentes das nossas. Então a gente nunca pode julgar que o choro dela “não é nada”, pois ele é sim, pois existe. Se há choro, há sofrimento. Seja por que quebrou um brinquedo, por machucar o dedinho do pé ou por que demos uma bronca, todos os motivos são válidos, pois a dor é real. Não podemos comparar, por exemplo, as dores adultas com as das crianças, dizendo que elas não sabem o que é “sofrer de verdade”.

O que é sofrer de verdade? Se existe a dor, se ela é real, é de verdade. E o universo da criança é outro, logo a comparação não faz sentido. Devemos, ao máximo, evitar comparar sofrimentos, ou minimizar o que as crianças sentem, pois eu acredito – e não só eu mais todo uma gama de especialistas – que isso tem impacto no desenvolvimento emocional delas.

Eu sei que esse choro incomoda. Não somente a gente, mas a todos ao redor. Quem nunca passou ou viu aquela situação de uma mãe sendo julgada por que o filho estava chorando? Como se o choro fosse uma confirmação de que ela não é boa mãe, ou de que aquela criança não é “boazinha”.

Devemos entender que o choro é parte de uma decarga emocional muito importante para a gente. Cada um lida de uma forma, mas é importante que a gente chore, quando sente vontade. Já passei por uma situação de “segurar o choro” por dias, até um dia que eu chorei tanto que parecia que ia me afogar. Então não reprimam o choro das crianças, entenda a importância delas extravasarem a tristeza, e também não reprimam o choro de vocês. Sei que é legal estimular os bons sentimentos, ter uma visão positiva da vida e tudo mais. Mas ninguém consegue ser feliz o tempo todo, temos maus momentos também, assim com as crianças.

Eu acredito que a força do nosso amor pelos nossos filhos está em permitirmos que elas sejam quem são, integralmente, e que se sintam acolhidas para chorarem no nosso colo ou bem longe da gente, se for o caso. E que aprendamos a acolher também a nós mesmos, lembrando que por trás dessa aversão ao choro infantil, tem a nossa criança interior, que, muita vezes, não foi acolhida quando precisou, e que se incomoda com essa ideia do desamparo (fui longe hein?).

Então, bora chorar? Só se tiverem vontade, claro.

Bjs e até o próximo post!

O aprendizado do videogame

Na primeira vez que ela viu o Mario salvar a princesa Peach, seus olhinhos brilhavam tanto, que nenhum presente caro nunca conseguiu competir com esse olhar. A musiquinha de fundo, enquanto o Mario andava na tela da televisão, todo pimpão, acompanhado de seu dinossauro e de sua princesa, eram também trilha sonora de minha infância. Eu havia assistido essa cena de videogame quando era criança, e, certamente, o brilho nos olhos deveria ser o mesmo.

Confesso que eu fui a mãe que julgou mal os aparelhos eletrônicos, mesmo tendo vivido momentos infantis muito felizes jogando videogame ou assistindo televisão. Eu jurava que minha filha não ia ficar vendo TV coisa nenhuma, que eu ia conseguir dar conta de fazer 3445485 brincadeiras por dia para entreter a minha pequena. Ledo engano! Ela tinha poucas semanas, e eu estava ali com ela colada na tela da televisão, assistindo a 345ª temporada de Greys Anatomy. Ela, evidentemente, dormia feliz em meu colo, mas o acesso dela ao aparelho começou muito cedo.

Depois, veio a Galinha Pintadinha, essa avezinha azul que hipnotiza crianças de 1 ano, enquanto ganha rios de dinheiro com bilhões de views no Youtube. Era o dia inteiro o “pó, pó, pó” da galinácea..foi quando eu comecei a perceber, ali mesmo com a Galinha Pintandinha, que a maternidade na verdade era um grande cuspir pra cima para cair na testa. Me perdoem o dito popular meio nojento, mas não consigo lembrar de outro melhor, então fica este.

A Galinha Pintandinha deu entrada para outras imersões televisivas: Sitio do Seu Lobato, Bob Zoom, desenhos-americanos-esquisitos-de-olhos-gigantes-que-fazem-muito-sucesso-no-Youtube, e etc etc. A televisão agora não somente me ajudava ali na luta diária, quando eu precisava lavar uma louça ou estender uma roupa, ou simplesmente quando eu estava cansada demais para brincar; como se tornou uma música de fundo sempre tocando nos dias e dias com minha filha. Eu sucumbi e permiti. A TV dali em diante seria uma amiga incômoda, mas necessária.

Depois vieram os joguinhos de celular. Um só, no começo. Sonic, de correr. Só ele, e mais nada. E um tempo bem estipulado de jogo. Meia hora, não mais que isso. Esse eu consegui controlar melhor, pois além de ter uma criança já maiorzinha, tinha também a TV, parceira das horas sem imaginação, dos períodos de cansaço, auxiliar nos meus trabalhos domésticos. O celular só chegou bem mais tarde, acredito que lá para os 3 anos, talvez um pouco antes. E chegou bem devagar, mas foi ficando.

Depois veio o videogame. Ah, o videogame. Tenho vivenciado muitas felicidades com minha filha, e entre elas tem o dia que salvamos a princesa do Mário. De lá para cá comecei a pensar em falar sobre o videogame, de um modo mais lúdico mesmo, metafórico, e essa crônica nunca saía do papel. Tem textos que fazem isso com a gente: ou nunca saem do papel ou só saem quando estão empoeirados mesmo. É o caso desse. O pó é tanto que já deu até uma rinite por aqui, e olha que eu nem tenho alergia. Continuemos.

O videogame me ensinou um pouco sobre a vida. Sim, eu disse que seria um pouco metafórica. Pois bem, aquela premissa de alguns jogos de ter que passar de fase, na minha mente literária nada mais é do que um resumo de nossos dias aqui na Terra. A gente supera coisas para dali em diante enfrentar outras. Algumas delas serão nível Boss (para quem não joga videogame é aquela parte de todo jogo no qual há um inimigo muito difícil de encarar que nós, os descolados do videogame, chamamos de “Boss” ou “Mestre”) e outras serão tais quais as primeiras fases dos jogos, que são a pura delicinha, mas passam brevemente, e lá vem outro boss…

Quando a gente joga videogame precisa de um nível de concentração muito grande, precisa de raciocínio rápido, precisa de boa memória, precisa tomar decisões rápidas. Eis algumas das habilidades que a vida nos exige o tempo todo, e elas estão lá disponíveis para serem treinadas nos jogos mais inocentes, como o do Mario! O videogame nos ensina também a lidar com frustações. Pois tem fases dos jogos, como do Donkey Kong (para mudar de jogo e não ficar falando só Mario, Mario, Mario) que são tão mais tão difíceis, como espinheiros em um céu azul, cheio de urubus e vendavais, ou uma abelha persistente (Ziggy te odeio) que voa sem padrão nenhum e que só morre, de fato, se você atingir o ferrão dela 9 fucking vezes. Nessa hora, a frustação de não passar uma fase mesmo já tendo jogado 98 vezes é imensa. Daí entra em cena a paciência, outra virtude essencial na nossa vida. Estou falando, videogame está sempre lá nos ensinando habilidades e a gente nem percebe.

Com o videogame, a gente aprende a seguir regras. Todo jogo tem, e se você não segue, você morre no jogo. Dramático, né? Mas para uma criança jogando aquilo esse aprendizado tem impacto, existem estudos que mostram que ensinar sobre regras é um dos benefícios do videogame. Claro que isso não exime os pais de ensinarem, evidentemente o Mario não vai educar nossos filhos (de novo Mario), mas algumas habilidades podem ser aperfeiçoadas sim.

Sabe uma outra coisa do videogame? Qundo nós sentamos uns minutos para jogar com nossos filhos, tem algo acontecendo ali, além do que está em cena, na TV, nas fases que estamos tentando passar: as crianças estão vendo ali que estamos COM elas, brincando. E isso fortalece o vínculo de modo muito interessante. Só quem já salvou no Donkey Kong (todos são difíceis, pode escolher qualquer um deles para ilustrar) sabe o quanto viramos um mesmo ser coletivo, imerso em uma existência caótica, mas que pode ser MUITO feliz quando, enfim, derrotamos o mestre final e salvamos o jogo. Nessa hora, vem o brilho no olhar e a certeza de que a criança vai guardar aquele momento para sempre dentro dela.

Sim, eu sei. Videogames podem ser muito violentos, videogames podem viciar, videogames podem atrapalhar os estudos, videogames podem servir de álibi para dias sem banho. Mas o fato é que tanto o videogame, quantos jogos, no geral, e mesmo a TV, mais esquecida atualmente, podem servir para fins bacanas também, basta ter sabedoria na hora de expor a criança a esses aparelhos. Em um tempo no qual as gerações já nascem sabendo rolar a tela com os dedinhos, não há muito o que fazer a não ser aceitar e saber discernir e apresentar para a criança esses recursos que podem render momentos maravilhosos e inesquecíveis. E uma salva de palmas par aquem inventou o Mario. Gênio demais.

Menções honrosas a Galinha Pintadinha. Já passei dessa fase, mas até hoje, às vezes, sou assombrada pelo “pó, pó, pó, pó, pó”.

Bjs e até o próximo post!

É normal bebês se assustarem tanto?

Bebês…faz tempo que não falo deles. Isso por que a mãe de bebê não existe mais, agora ela é mãe de uma criança de 7 anos, então ficou para trás aquele período maravilhoso e difícil dos primeiros meses de nascimento da minha filha. Porém, lembro que eu só percebi que não conhecia bebês, como funcionavam e onde viviam, depois de ter a minha própria bebê. Nossa, como eles nos surpreendem! Especialmente, se formos mães de primeira viagem. Bom, eu sou mãe de primeira viagem, então passei e passo por poucas e boas com essas novidades envolvendo bebês e crianças.

Hoje estou aqui para contar uma curiosidade que eu tinha, logo que a Valentina nasceu. Lembro que ela, muitas vezes, estava dormindo (momentos raros) e, de repente, se assustava: os braços e perninhas se esticavam como se ela estivesse tendo algum pesadelo ou algo assim. Acontecia quando estava acordada também, mas era mais comum na hora do sono. Na ocasião, eu ficava em dúvida se era normal ou não. Não lembro de ter pesquisado isso no Google, pois o puerpério é esse momento da nossa vida no qual estamos quase comendo nossos próprios cabelos, desesperadas, felizes e sem saber quem somos mais. Pois então, não lembro. Mas achei legal retomar esse tema agora, pois quero acalentar você, querida e resistente leitora, dizendo uma coisa: sim, é normal bebês se assustarem assim. Vem comigo que te conto o porquê.

Esse sustinho que eles tomam, nos primeiros meses de vida, tem um nome: chama Reflexo de Moro (em homenagem ao médico que descobriu o fenômeno, Ernest Moro). Esse reflexo é uma resposta involuntária do sistema nervoso do bebê. É bem similar aquela sensação que temos quando estamos “pegando no sono”, sabe? Já aconteceu comigo. Parece que a gente vai cair, mas só está indo sonhar com nuvens, arcoíris e memórias esquisitas do subconsciente. Esse reflexo de Moro é uma resposta biológica a estímulos novos, então pode acontecer quando o recém- nascido é colocado em uma superfície diferente daquela que ele estava antes (do colo para o berço, por exemplo), quando recebe algum toque inesperado, quando ouve sons altos ou inesperados ou quando há mudanças intensas na luminosidade do ambiente onde estão.

Era bem comum comigo: tinha acabado de fazer Valentina dormir, após dar de mamar por horas, e lá ia eu na vã tentativa de colocá-la no berço, quando, de repente, vinha o sustinho. E choro. E tudo começava de novo: dar de mamar, ninar, colocar para dormir, sustinho, mãe frustrada por que a bebê parecia ter alergia ao berço, choro da bebê, choro da mãe, mamar , ninar, etc, etc.

Embora vilão das mães que querem que os bebês fiquem no berço um pouco, o Reflexo de Moro é bem normal sim e esperado. E faz bem para o neném, pois ajuda na maturação do sistema nervoso central, auxiliando no desenvolvimento sensorial, intelectual e na atividade reflexa postural. Ele é comum até os 3 meses, e desaparece entre 4 e 6 meses. Se o bebê não apresentar esse reflexo, ele precisa ser avaliado por um pediatra, está bem?

Bom, é isso. Sanei mais uma dúvida existencial de vocês, que preferiram ler meu humilde blog ao invés de recorrer ao senhor Google, que tudo sabe. Obrigada pela confiança e não desistam de mim.

Bjs e até o próximo post!

MINHAS REFERÊNCIAS

https://incrivel.club/inspiracao-criancas/por-que-os-recem-nascidos-levam-sustos-639860/

https://paisefilhos.uol.com.br/bebe/reflexo-de-moro-entenda-por-que-o-bebe-leva-sustos-e-saiba-quanto-tempo-dura/

https://www.minhavida.com.br/saude/temas/reflexo-de-moro