Eu começo esse post dizendo que “sim, eu sei”, ando sumida. Tenho escrito cada vez menos por aqui, e quando escrevo faço posts curtos, que mal lembram as teses de doutorado que gosto de postar. Não é difícil explicar: vida de mãe, fazendo tudo sozinha, trabalhando em milhares de coisas não é o tipo de rotina que nos deixa muito tempo para respirar. Eu não tenho escrito por sobrecarga mesmo. Às vezes pesa e a gente prioriza. E essa questão de sobrecarga e prioridades me levou a muitos questionamentos. Um deles sobre a importância da gente olhar para nossa rotina, para tudo que tem para fazer e ir tirando coisas. Só assim a gente respira. Como eu tenho respirado pouco, precisei fazer isso. O que me levou a uma decisão: encerrar o blog.
Eu escrevo nesse espaço há quase 8 anos. É um lugar modesto, que me leva para dentro de mim, ao expor meus medos, minhas dores, meus conflitos e também alegrias, ao mesmo tempo que me leva para fora, para vocês, para seus comentários doces e seus rostinhos imaginados. A maioria aqui é mãe como eu e sabe que tem horas que a gente simplesmente cansa tanto que até dói. É difícil explicar para quem não tem filhos, mas quando somos os únicos responsáveis por uma criança tem uma hora que isso pesa demais. E olha que eu tirei férias, recentemente. Teria milhões de coisas para dizer, mas notei que, embora eu continue tendo o que falar; emocionalmente e mentalmente, eu já não estou mais aqui.
Ficou difícil incluir o blog nas 100 milhões de tarefas do dia. Eu poderia sim continuar espremendo minha lista para colocar “atualizar o blog”, mas está triste demais me forçar a fazer algo que eu não consigo mais. É por isso que quero falar aqui da importância de encerrar ciclos. Embora exista uma carga negativa nessa atitude, a vida nos obriga a ir por caminhos que diremos “sim”, enquanto deixaremos outros caminhos vazios de nós: serão os nossos “nãos”, as nossas desistências.
Não é errado. Não é fraqueza. É escolha. E eu tenho tentado enxugar ao máximo minha rotina para que eu não chegue mais nos fins de ano da vida estressada, confusa e doente. Eu amo muito escrever aqui, escrever para mim é como uma bateria que eu preciso alimentar para eu me sentir viva. Escrever para mim, cada letra que eu digito ou desenho na folha de papel é um tudo de mim, é uma das minhas principais pulsões de vida. Eu amo escrever e vou continuar escrevendo, mas não agora, não aqui. Simplemente por que não consigo me dedicar mais a uma tarefa que estou exercendo, atualmente, de modo tão raso.
Não desistam de mim, pois eu não desisti de escrever, eu só estou encerrando o blog. Mas quem sabe daqui a pouco eu começo a fazer conteúdo em outra plataforma, invisto, enfim, em fazer posts no meu Instagram, não sei. Qualquer nova atividade, nesse sentido, eu prometo avisar vocês. Quem tiver aquele cadastrinho maroto de e-mail, certamente vai receber algo meu. Quem sabe um livro, um grande sonho que nunca consegui investir como deveria. Quem sabe uma crônica, uma newsletter, não sei. É tempo de incertezas, não de respostas. Às vezes acontece.
Um outro motivo que me fez desistir de escrever no blog foi o fato de que minha filha já está ficando grandinha, e vai ficando difícil escolher assuntos que sejam interessantes para vocês, sem invadir muito o espaço dela. Eu tenho, claro, uma lista de temas, mas vai ficando difícil dar exemplos, experiências minhas, sem expô-la. Então, essa questão também influenciou a decisão.
Eu espero, de verdade, que nesses quase 8 anos escrevendo para vocês, eu tenha conseguido arrancar algumas boas risadas, feito vocês refletirem sobre nossas crianças, ajudado de alguma forma. Se eu tiver conseguido isso com um de vocês que seja, meu dever já está cumprindo.
Então, esse é o meu último post. E eu preciso muito terminar com um clichê para fazer uma gracinha, pois esse post está muito triste.
Isso não é um adeus, é um até logo:)
Nos veremos em breve, ou melhor, vocês vão ler coisas minhas de novo, e não vai demorar:)
Um beijo e tchau, por enquanto!